31.5.14

Páginas do meu diário: Muros.


Você já se sentiu como se fosse um estranho em sua própria pele?

Brinco com a ideia de que o reflexo no espelho tenta me dizer alguma coisa. Bobagem, consigo ouvir meu professor física falando.
Eu sei que o meu reflexo acompanha os mesmos movimentos que eu faço e logicamente não há diferença entre nós. Mesmo sabendo disso, a imagem que eu vejo é de uma pessoa distinta. Alguém tentando se encontrar e se perdendo cada vez mais. Alguém normal para o mundo e diferente para si própria.
Como eu disse, não há diferença entre nós.

Quando foi que o muro que eu construí ao meu redor começou a ruir? Quando foi que eu construí um muro ao meu redor?

Em uma fase e outra, um partida e uma chegada, um fim e um começo, parte de mim se perde.  Com a pressa de virar a página, algumas palavras sempre ficam mal ditas, mal entendidas. E retomar o parágrafo em um outro momento é perda de tempo. Sou teimosa, releio mesmo assim. Permaneço perdida e confusa, e agora, fecho o livro.

Já me perguntaram se eu não canso de fazer perguntas e eu respondi que só cansei quando obter todas as resposta. Hoje, não sei se aguentaria ouvir as respostas. Ou se estou fazendo as perguntas certas.
Tudo parece tão incerto, tão confuso. O que realmente mudou? Foi o mundo ou eu mesma?

Dizem que eu mudei tanto que não pareço a mesma. Será que eles sabem que não foi só o meu exterior que mudou? Será que eles sabem mudar o cabelo, as roupas, o peso, não vale tanto assim?
Difícil é mudar os conceitos e permanecer os valores. Difícil é mudar os sonhos, o jeito e os relacionamentos permanecerem intactos.
Difícil é mudar e ser aceito pelo mundo e por si mesmo.

Ser sincero para o mundo, é fácil. Ser sincero para si mesmo, quando não tem ninguém olhando é que é difícil. Assumir aqueles erros que ninguém percebeu  e repará-los. Admitir que aquelas palavras não precisavam ser ditas daquela forma ou naquele tom, e ver que não tem como mais reverter-la. Assumir que toda ação tem uma reação e que sempre um saí mais machucado do que o outro. E a confiança quando é quebrada, nunca mais volta a ser mesma ou simplesmente não volta.

Sempre encarei os desafios do mundo como monstros que precisassem ser derrotados. Mas, quando o desafio e o monstros sou eu mesma, minha primeira reação é a negação e a segunda é o bloqueio, o que consiste em fechar os olhos e construir muros ao meu redor.
Hoje eu vejo que tudo o que eu fiz foi dar voltas ao meu redor. Muros não são indestrutíveis, e o meu ultimamente com um sopro caí.

Decidi colocar as carta na mesa e me enfrentar. Ninguém sabe mais do que eu além de eu mesma. Ninguém se esconde ou se enfrenta melhor do que eu. A diferença é que agora se esconder não é mais uma opção. Decidi parar de batalhar com o mundo e guardar forças para a guerra que se inicia. 
Agora é somente eu. Contra eu mesma.

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