28.10.13

Eu vejo você.


Você acorda tarde, sonolento e morrendo de dor de cabeça. Tudo ao seu redor gira e fica fora de foco. A noite passada foi boa? Alguém no seu celular afirma isso. Você não se lembra de nada, de repente aquela blusa polo que você adora, parece te enforcar. Falta ar nessa lugar. Quantas pessoas devem ter aqui? Com certeza mais do que o lugar pode suportar. Você saí, para tomar um ar, depois de ter tomado várias doses de tequilas, uma atrás da outra. Uma garota vem atrás de você, ela é bonita, mas quem é ela? Você não sabe o nome dela, mas ela sabe o seu e se sente no direito de colocar a mão ao redor do seu pescoço. Você fecha o olho e pensa "O que é que eu estou fazendo?". Abre boca e sussurra um nome. A garota arregala os olhos, ofendida e depois fingi que não notou. Não era o nome dela, você tem um outro nome na cabeça. E de repente, você se lembra de quem é a dona do nome. E vem tudo, tudo ao mesmo tempo. O cheiro, o cabelo, a unha, as mãos, os pés, o beijo, o abraço, as brigas, as voltas. Que dor no peito. O corpo inteiro dói e o ar continua insuficiente. Você deseja aquela respiração entrecortada, ofegante, seguida de uma risada alta e um beijo demorado. Você quer chorar, mas não pode, você não chora na rua. Você chora quando ninguém vê, deitado no quarto com a cabeça no travesseiro olhando para uma foto e se pergunta porque não deu certo. Você e a garota se beijam, é estranho, é horrível. Você se pergunta o porquê de ter feito isso, mas mesmo assim, leva a garota pra casa e se despede com um beijo. Você vai pra casa, anda aos tropeços, quase caí, mas não caí porque sabe que provavelmente ficaria ali no chão, sozinho. E você tem medo da solidão, mas do que qualquer outra coisa. E por isso, quando se sente só ou perdido, procura alguém. A verdade é que você só consegue se ver nos olhos de outra pessoa. Você chega em casa, se joga na cama. Pronto. Acabou. Está tarde, aquele nome, aquela pessoa, provavelmente deve estar dormindo. E você deseja ligar, desejar mandar uma mensagem, deseja dizer que o mundo inteiro é uma droga, e que ela, só ela, é o seu mundo todo. As lágrimas que você não deixou cair a noite toda, vem de uma só vez. Você chora igual um bebê, seus amigos, provavelmente iriam rir dessa cena e te dariam mais uma tequila, só mais uma. Ela entenderia, e você sabe disso. Ela sempre te entendeu, mesmo quando não deveria. Mas você queria um espaço. Você não estava pronto para um relacionamento sério. Não, pior, você não estava pronto para um relacionamento com ela. Porque ela é ela. Ela te coloca no pedestal e depois, puxa seu tapete. Ela te arranha e sorri. Ela te quebra e te concerta. Mas isso não é o pior, o pior é admitir para si mesmo que você gosta dela. Você a ama. E isso te assusta, porque você tem medo do amor dela, tem medo de amá-la. Você nunca precisou disso, lembra? Tudo o que você precisava era uma dose de tequila, uma rua escura e uma garota. Mas com ela, você para de beber, apaga a luz ou acende se ela quiser, e não é uma garota, é a garota.
Mas mesmo assim, você continua fazendo isso e levando a vida desse jeito. De segunda a sexta, a rotina aparece e o cansaço vence. Mas aquele instante, aquele momento em que você para e pensa no dia, você pensa nela e em tudo o que ela faz, tudo o que ela poderia estar fazendo e sente vontade de ligar e dizer tudo isso a ela. Sexta a sábado, é o seu pseudo descanso, sua pseudo paz. A sua paz mesmo, está deitada na cama com um livro na mão, sabe lá pensando em que. Ou em quem. O domingo, é o pior dia. É o dia preguiçoso que só dá vontade ficar deitado na cama, com ela. E você lembra que não pode mais fazer isso. Cuidado, você vai quebrar a mão se socar a parede dessa forma. Toda a dor e choro reprimido vem a tona. Meu Deus, você pensa, isso nunca vai acabar? Um amigo diz que ela não é tudo isso. Ela é estranha, até. Não gosta da maioria das coisas que todo mundo gosta, tem uma risada alta e voz mansa. É teimosa e indiferente. Ela não é tudo isso, sabe? Mas é tudo pra você. Tudo o que você não encontra na loira da balada. Tudo o que você quer agora e todos os dias. E mesmo assim, você hesita em ligar, seu medo te paralisa e a cada dia que passa, você perder a mulher da sua vida.

6 comentários:

  1. É para mim uma honra acessar ao seu blog e poder ver e ler o que está a escrever
    reparei que se tem esforçado por nos dar o melhor,
    é um blog que nos convida a ficar mais um pouco e que dá gosto vir aqui mais vezes.
    Posso afirmar que gostei do que vi e li,decerto não deixarei de visitá-lo mais vezes.
    Sou António Batalha.
    Que lhe deseja muitas felicidade e saúde em toda a sua casa.
    PS.Se desejar visite O Peregrino E Servo, e se ainda não segue pode fazê-lo
    agora, mas só se gostar, eu vou retribuir seguindo também o seu.
    Que a Paz de Jesus esteja no seu coração e no seu lar.

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    1. Uau, muito obrigada por suas palavras. Fico feliz que tenha gostado e sim, me esforço bastante para dar o melhor aos meus leitores! Obrigada pelo comentário. Darei uma olhada em seu blog, sim. :D

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  2. Parabéns pelo texto, belas palavras e que venham mais textos lindos como esse!

    Te indiquei para receber um selinho
    Beijocas http://meudiva1.blogspot.com.br/2013/11/selinho.html

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    1. Muito obrigada! Fico feliz que tenha gostado. Pode deixar que virão mais textos assim. Obrigada pela indicação, Carine. ;)

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  3. Gabrielle estive no seu blog está muito bom, este texto é muito imaginativo, o melhor é ter-se cuidado com as noitadas.
    Ps.respondi no meu blog mas como não tenho a certeza de que recebe, vim até aqui.
    Bjinhos.

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    1. Bom, na verdade esse texto é sobre uma garota contando como um garoto se sente. Ah sim, tudo bem. :D

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