Amor de longe.

Quem nunca amou alguém de longe, provavelmente não irá entender metade do que eu irei dizer. Só quem tem a maioria dos dias longe do seu namorado (a), sabe exatamente do que eu estou falando.
Muita gente não entende, tem gente que acha lindo e diz que o amor fica mais resistente. Tem gente que critica e diz que não dá para aguentar. Tem gente que diz que é melhor assim porque quando vocês se encontram, não dá tempo de brigar. Tem gente que diz que passa rapidinho, que o bom é que dá tempo de curtir mais os amigos e mil e outras coisas.
Só quem namorar alguém de longe sabe que por mais que o amor seja resistente, muitas vezes ele pode fraquejar. Que por mais que você cuide e cultive, uma tempestade pode chegar e estragar tudo. E pior, não dá para abrandar a tempestade com um beijo e um abraço quentinho, porque você está longe e sua única aliada é a palavra, e muita vezes, ela pode ser mal interpreta. Para um bom entendedor (ou paranoico) um pingo é letra...
Só quem namora alguém de longe sabe que mesmo vocês se encontrando e estando de bem, uma expressão, um gesto, pode acarretar uma briga. E que mesmo ali, com uma distância mínima, você ainda não pode saber exatamente o que a pessoa está pensando e como contornar quando surge um clima estranho.
Só quem namora alguém de longe sabe que o tempo não passa rapidinho. Muito pelo contrário, a semana se arrasta. Na verdade, pode até saber. Quando você pode passar o dia inteirinho com o namorado ao lado e se bater uma vontade, ir na sessão das seis e meia, em uma quarta-feira, porque simplesmente deu vontade. Chega tudo, menos o dia que vocês vão se ver. E quando o dia gente, o tempo voa! Você demora mais ainda para se arrumar, porque quer estar bem para ele, e parece que tudo some. O quarto fica uma bagunça e o rímel parece se esconder de propósito. Quando você finalmente o encontra, tem todo aquele momento do reencontro, de se acostumar com a pessoa ali do seu lado, e que não, você não está sonhando... Quando vê, passou uma hora. Uma, duas, três, quatro. Quando vai ser a próxima vez?
Só quem namora alguém de longe sabe que sair sozinha com os amigos, não é mais tão divertido assim. Sim, continua divertido, mas sabe que com o namoro ali, seria super-ultra divertido. E ainda tem a maldita divisão de amigos solteiros e amigos comprometidos. Os comprometidos dizem que você não vai ficar de vela não, mas quando você menos espera, eles estão se beijando... É complicado porque eles são seus amigos e vocês os quer felizes. É chato porque você finge olhar pro lado e mexer no celular para disfarçar a vontade de estar no grupo dos que se beijam e não dos que o namoro está bem longe dali, que por sinal, você é o único nesse grupo. E os solteiros, só querem saber de paquerar. E querem que você paquerem também! Por mais que você explique que está comprometida e que seu namorado não está ali, mas está com você. Uns acham bobo, outros até respeitam. Por isso que muitas vezes é melhor ficar em casa ou chamar a melhor amiga para uma travessa de brigadeiro.
Só que namora mais pelo telefone do que pessoalmente, sabe que o ciúme é em dobro. Parece que a quilometragem dá um empurrãozinho nisso e toda publicação/foto/ligação é um motivo para uma puga atrás da orelha. Mas é preciso controlar o ciúme, para não desgastar, para preservar. Sabe que sempre vai ter alguma pseudo-amiga vai te mandar abrir olho, e por mais que você confie no seu namorado, que saiba que ele te ama, que saiba que ela só quer causar intriga, é uma paranoia a mais na cabeça. E tem os amigos também, aqueles amigos que não gostam de ninguém, te falam para abrir o olho, porque homem é tudo igual e ainda mais quando você não sabe exatamente o que ele está fazendo... É difícil, depois de tudo isso você se lembrar do quanto o seu namorado te ama e que tudo isso bobagem, porque o amor de vocês é maior que isso.
Quem passa a maioria dos dia longe sabe como é chato acabar na melhor parte. Na parte em que você se acostuma com a pessoa ali do seu lado, é a mesma parte que em o ônibus passa e ele precisa ir. E você fica e vê ele ir, e parece que a cada passo que ele dá, ele leva um pouquinho de você. Sem falar quem quando você fica um tempo sem ver o namorado, dá para estranhar um pouco... Sei lá, o cabelo parece diferente, o perfume também. São coisas tão bobas, mas se houvesse mais contato no dia-a-dia, daria para se acostumar. Coisas pequenas, mas pra quem ama é enorme. Porque quando você ama, sempre quer mais. Porque quando você ama, o abraço não parece saciar toda a saudade de todos os dias longe, que dá vontade de não parar de beijar nunca, que dá vontade de deixar os dedos entrelaçados o dia inteiro, o quanto mais perto possível, sempre será melhor.
Só quem namora assim, de longe, com muitos quilômetros no meio e muitas horas no telefone, sabe que o amor dele compensa. Porque quando o namora chega, ele muda o tom e tudo fica magicamente mais colorido, mais bonito. Porque o sorriso dele dá pra esquecer até a maldita TPM. Porque o abraço dele é o lugar mais seguro do mundo e que dá até parar morar ali. Os poucos momentos são tão intensos que mesmo depois de dias, parece que o vento trás o perfume dele e o primeiro beijo dele não dá para esquecer. Que aqueles poucos momentos ali dá vontade de guardar em um potinho, para quando a saudade arder e doer, abrir esse potinho e anestesiar tudo isso.
Só quem namora assim, sabe que a esperança é bem maior. Que os planos de acordarem e dormirem juntos, são os pensamentos antes de dormir e ao levantar. Que estar em um grupo de pessoas e lembrar dele, dá uma solidão que dói o corpo todo. Que ler as mensagens dele ou ouvir a voz dele, parece que ele está ali, pertinho, juntinho.
Por mais a quilometragem atrapalhe, o amor preenche toda essa distância. Quando é que eu vou te ver a próxima vez, em?