13.3.14

A roteirista



Desde de pequena, eu sempre fui ligada a escrita. Comecei a ler isso, via uma frase na rua e tentava ler. Ás vezes errado, ás vezes certo, acabei aprendendo. Eu li muito na infância. Eu lia gibis, revistinhas, contos de fadas, sagas de fantasia... Sempre gostei de ler. E com o passar dos anos, esse meu vício, aumentou. Os livros tornam-se grossos e sem ilustrações. Eram pesados e mais caros. Eu demorava um pouco mais para ler, mas quando lia, eu viajava. Porque, ler é isso, viajar sem sair do lugar. Ter um mundo nas próprias mãos e ter o poder te entrar e sair desse mundo na hora que quiser. Era um mundo paralelo, um escape. Escape da vida real.
Eu sou meio presa ao passado. Com todo esse meu amor pela escrita, eu crie o hábito de escrever em diários. Já tive milhares, com várias capas diferentes, cheios de promessas, sonhos e desilusões. Nesses diários, eu escrevia o que eu não suportava, o que eu não entendia, o que ninguém entendia. Eram meus pensamentos soltos em uma folha de papel.
E eu, tinha o hábito de ler e reler aquilo. Eu sempre gostei de fazer uma balança das coisas. Ver o que deu certo e o que não deu certo. O que precisa mudar urgentemente e o que pode deixar do jeito que está.
Ler o meu passado em uma folha de papel era divertido e exaustivo. Minhas desilusões que pareciam eternas, passaram. Mas muito do meu eu que eu tanto quis mudar, continuo. Eu vivia em um ciclo que se revesava entre o mundo dos livros e o meu passado. Ambos fugindo da minha realidade. Eu tinha medo da realidade, porque realidade significa arriscar-se, e o meu mundo, tão meticulosamente organizado, não suportava uma desordem.
Por isso, eu passei uma grande parte da minha vida assim, fugindo. Eu passava a imagem de destemida, mas eu tinha medo. O que pode ser tão assustador em simplesmente viver com uma adolescente normal vive? Tudo e nada.
Mas esse ano eu decidi mudar. Esse ano, eu iria mudar. Cansei de ler e ouvir histórias, eu queria a minha história. Era uma cidade nova, um colégio novo e uma nova oportunidade. Não deixaria passar. O medo ainda estava dentro de mim, confesso. Aquela garotinha assustada com um livro na mão ainda aparecia no reflexo do espelho. Mas, não havia mais espaço para medo. Eu perdi tanto tempo tentando entender e analisar que nunca senti. E eu sentia falta disso. Porque, convenhamos, o quão chato é ouvir a vida interessante de todos ao meu redor e lembrar que o mais interessante da minha vida era que eu consegui ler o último lançamento literário em um dia. Impressionante, para os meus pais. 
Eu criei o meu mundo, e eu mesma estava cansada dele. Queria sair dele ou de mim, tanto faz. Esse ano a minha história será escrita, alguém se habilita para escreve-la?

PS:

I- Esse texto é um prólogo de uma história que eu estou escrevendo.
II- Isso é ficção. E tudo isso aí, saiu dessa cabecinha aqui.

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