Eu sempre busquei coisas. Qualquer coisa, mas sempre alguma coisa. Coisa
nenhuma me deixava triste. Vi demais, vivi demais. (Meu Deus, você só tem 16 anos!).
Uma década e daqui a quatro meses, uma década e sete anos, posso dizer, vi
demais. Não o suficiente, é claro, quem sabe demais ou já viu o suficiente com
dezesseis anos? Ninguém. Mas eu tenho uma bagagem. Uma carga. Um fardo, o que
for. E o carrego para onde for. Viver pesa, presenciar pesa, ver pesa, até
mesmo ouvir. São tão histórias dentro de mim, que por muitas vezes, não consigo
separar da minha própria história, que por sinal, não sei qual é o seu rumo
atualmente.
Ando exausta. Fisicamente e psicologicamente. Meu corpo inteiro dói,
minha cabeça dói o tempo todo. E pra completar: meu coração dói demais.
Eu sei da história de todos. Dos vizinhos, da família, dos colegas, de
conhecidos, dos amigos, da namorada das amigas, da namorada dos amigos, da
amiga da amiga, da inimiga da amiga... E assim, aumenta a minha carga.
O problema de toda história é o seu peso. Toda história tem seus trancos
e barrancos. E são muitos trancos e barrancos alheios, misturados com os meus,
que me fazem desgastam e eu acordo com uma panda, de tanta olheira.
Estou reclamando? Talvez, sim. Estou cansada! Veja bem, não estou sendo egoísta,
indiferente ou fria. Não quero cortar os laços com você ou parar de te escutar.
Mas é que minha vida anda balançando demais. E ultimamente eu não tenho vivido
e sim me equilibrado para não cair. E te digo, esse é um jeito péssimo de se
viver. Parece que a qualquer momento vai vir um vento mais forte e vai me
derrubar e toda hora alguém vem e sopra mais um pouquinho.
Eu sempre gostei de ajudar. Adoro me sentir útil! Quando sinto que uma
palavra minha, um abraço, um sorriso, fez bem e mudou o dia de alguém, na hora,
uma felicidade toma conta de mim. Fazer o bem e receber o bem, eu amo.
Mas, se ultimamente eu não tenho me sentido bem, como irei fazer bem
para alguém? Não me sinto mais tão útil e prestativa assim. Não me sinto tão
capaz de fazer alguém melhorar. E ando buscando um jeito de melhorar. A vida
não é difícil, eu sei, nós, seres humanos, que somos complicados, complexados e
problemáticos. Eu sei também que quase sempre os problemas não tem essa
dimensão toda e que a nossa mente é desesperada. Mas, sério, quem lembra disso
três horas da manhã quando o peito aperta e uma tristeza aguda vem e o
desespero parecer sufocar?
É nessa hora que me procuram e nessa hora que eu tento me encontrar.
Estou can-sa-da.
Quer me procurar? Me procure e me conte uma novidade. Me procure e me conte
coisas novas e interessantes e não a mesma história de sempre. Me procure e me
conte coisas bobas. Me procure e me pergunte como anda a vida. Não me procure
apenas para despejar suas histórias porque elas não cabem mais em você.
Recadinho: elas não cabem em mim também não.
Não estou tirando férias de ninguém e nem estou me isolando. É que eu
preciso de um tempo pra mim. Preciso cuidar da minha vida, desacelerar um
pouco, me esvaziar, me preocupar comigo e descobrir e seguir o que eu realmente
quero para mim. Quero fazer mais por mim e aprender a dizer “não”.
Não sou esse muro de lamentações que muita gente pensa. Autossuficiente,
inabalável e bem disposta numa quarta-feira. Sou frágil, insegura e medrosa,
também. Tenho meus momentos, poucos conhecem e tem momentos que são exclusivamente
meus.
Eu só quero ficar quietinha. Não quero ouvir. Não
quero falar. Me esconder um pouquinho. Aparentemente, meu lado ácido deu as
caras, outra vez.
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